4.30.2009

Homenagem às Friduchas

A todas as Mulheres, em especial às Friduchas

É comum ouvir por aí que comemorar o Dia Internacional da Mulher é bobagem, já virou banalidade...Alguns diriam: todos os dias do ano são dia da mulher. Nós, aqui, preferimos valorizar a data e enxergá-la de outra forma, de uma forma especial. Ela nos ajuda a recordar uma triste, porém, não menos bela história de lutas, marcadas por fracassos e vitórias.

Desde Eva, somos submetidas e penalizadas. Na Grécia antiga, fomos corpos frios, frágeis, figuras restritas a respirar em âmbito doméstico vivendo somente para a família e nossos maridos, “bravos guerreiros, corpo e raça de atenas”, já dizia o poeta.

Séculos depois, continuamos à sombra da história. Agora feiticeiras, bruxas, figuras que inspiram terror e fascínio, seres condenados a arder na fogueira da inquisição.

No romantismo, viramos musas. Idealizadas, inatingíveis, donzelas envoltas em nuvens, pelas quais os tolos apaixonados escreviam versos e morriam de amor. Assim, como seres sublimes, ficamos tanto tempo..., quanto desperdício!

Nas primeiras décadas do mundo moderno começamos a enfrentar a vida em sociedade. Agora trabalhamos fora, assim como os homens, mas temos poucos ou nenhum direito. Ganhamos menos, não votamos, permanecemos quase todas analfabetas. Mas pulsam em nós sentimentos, aspirações, desejos de mudança. Mesmo assim, seguimos circunscritas às virtudes do lar e às fantasias de luxúria. Nós, já dizia o poeta, somos “feitas para amar e ser só perdão”. Será?

É nessa fase, século XX, em que o mundo muda rapidamente, que também começamos a nos organizar. Vem a luta contra a opressão, o feminismo, os movimentos de mulheres. Mas, desde então não é fácil ganhar créditos. Os valores morais, a nós impostos durante tantos séculos, dificultaram a luta. Mulheres artistas, mulheres ativistas, donas de casa, foram vistas como "mal amadas", até por outras mulheres.

A luta feminina é uma luta pela democracia, a igualdade entre homens e mulheres, respeitando é claro, as diferenças entre os gêneros, o que nos tornam, nós e eles, especiais e complementares.

Todas essas mudanças são tão recentes. Só começamos a tomar as rédeas de nosso próprio destino efetivamente nas últimas décadas. Apesar de tantos exemplos fortes como Frida Kahlo, Joana Darc, Clamile Claudel, Simone de Bauvoir, Edith Piaf, Olga Benario, Leila Diniz...só agora decidimos trocar os fios de nossa existência.

Aqui no Brasil, só de 20 anos pra cá, a mulher conquistou a igualdade jurídica. Ela agora pode ser chefe de família. Até que enfim a letra da lei reconhece as capacidades iguais. Demorou, né?

Estas breves palavras apaixonadas são um brinde da equipe de Frida Kahlo a vocês, mulheres, aqui presentes e ausentes; que são mães, profissionais, amantes, que acumulam tantos papéis. Um pedido a vocês avós, mães, filhas da mãe, netas: não deixem de continuar a escrever esta história de batalhas. Sintam orgulho deste dia sim, ele não existe à toa!!! A vocês, Mulheres!!!

Agora é com grande orgulho que chamamos ao palco esta equipe especial, formada por mulheres de fibra e muita consistência, que teceram cada fragmento descontínuo deste espetáculo, que contribuíram para a construção de cada faceta, em cena, da pintora Frida Kahlo, nossa maior fonte de inspiração e criação. Chamamos ao palco para homenagear no Dia Internacional das Mulheres, Ana Amélia Cabral, Virgínia Lemes, Andréia Maia, Priscila Paes, Rosie, Eva, Nilda, Sandra, Cida, Gabi, Bia, e a nossa digníssima diretora Dayse Belico. Vocês são o máximo!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Uma salva de palmas!!!!!!!!

(08 de março de 2009 - Dia Internacional da Mulher)

Carta ao Amante

O Último Lamento

Este escrito não é um poema como os outros. São breves palavras, talvez as últimas que escrevo sobre nós. Agora são 19h49 do dia 13 de dezembro de 2008, sábado. Da minha janela uma chuva desliza fina sobre as folhas das árvores. Reúno fotos, escritos, os poucos registros de nossa história na tentativa de me refazer.

Ao revisitar estes momentos reencontro um frescor já esquecido. Meus pensamentos se projetam longe. Recupero imagens preciosas, sensações adormecidas, que agora me enchem os olhos de lágrimas e o peito de um turbilhão impreciso de alegrias e tristezas. “Que seja doce” dizia o poeta. Repito ainda afoita, “que seja Doce!”. Aos poucos, cesso o lamento e já quieta, como uma flor, peço: “que seja doce” a separação.

Agora choro frágil todo o amor, todos os instantes, toda a agonia semeada, como se tentasse entornar a dor. Quando a tempestade cessar, um silêncio paira para o meu alívio. Ele é agudo, estranho, real, o ar está parado.

Espero paciente, ainda que contra meu furioso instinto. Quero acreditar que logo o instante será leve e fugidio. De-repente a noite se despede do dia, que amanhece imenso. O sol me entorpece de brilho e força. O peito começa a acalmar-se e os olhos já apreciam a vida. O que sufocava perde o sentido e, não mais amantes, agora eles são ilustres desconhecidos. Seguem caminhos distintos, retomam suas vidas. Entretanto, ainda que demonstrem novas cores no olhar, os amantes foram marcados. Os dois de antes, apaixonantes, delirantes, inconstantes não saíram impunes. Caminham sem poderem jamais apagar o quanto foram cúmplices do amor.

Eu te amo, meu amor, com toda a delícia e fúria e com toda a certeza de que fui tão feliz e infeliz. Sei o quanto fui sua, minha, nossa, cega e lúcida, como um oráculo. Como fui mulher, mãe, histérica, louca, apaixonada, em paz.

Aqui um relato apaixonado e triste de quem amou sem esforço, sem preguiça, sem condições. De quem ama porque vê beleza ao dizer que ama. E de quem com a mesma intensidade, também renuncia a este amor, que me arrasta até sugar minhas últimas forças, até consumir meu último orgulho, meu último brio. Minhas últimas palavras!

(13 de dezembro 2008)

Momento Poético 7

Enquanto espera...

Me desfaço e me refaço a cada instante
me despeço e novamente peço
que não se apague a luz da noite
Que ela seja escura como a dor,

No meu coração resta um vazio.
Exausta de mim mesma,
Da plena inexistência,
me recolho para um lugar ao sol.

Imagino que a despedida dos rios deve ser fugidia
Ligeira! Ela dispensa avisos.
Corre ao natural, passageira,
assim como fluem as sábias águas...

Assim corremos, irmão, amante, companheiro
Seja qual for o seu caminho
Escolha um ao menos,
E não adie mais a minha espera.

(27 de dezembro de 2008)

Momento Poético 5

Ande logo, é imensa!

Ande logo!
A Saudade está sentada ao lado
Tem 2 metros.
É imensa!

Ande logo!
Antes que não reste nada.
Continua a crescer,
tem 3 metros, é imensa.

Ande logo!
Que não posso esperar
É volume em expansão
São quatro metros, é imensa!

Se não for ligeiro
Me despeço antes que me consuma
Agora vejo 5!
Adeus, ela é imensa!

Caso venha depois
Não entre, não volte o olhar
Ela sentará ao seu lado.
A Saudade é imensa.

(03 de janeiro de 2009)

Momento Poético 6

O ELFO

Esse homem que me devora
a carne, as noites, a paz
Que me consome os últimos minutos,
e o desejo de ser sua novamente

Homem cujos olhos me tocam
Me despem!
Agora sou nua, encurralada,
e me entrego como um bicho assustado.

Homem dos olhos de fogo,
cabelos rebeldes
boca e nariz de elfo
pelo qual me perdi

Se ele vem, sou impulso, insensatez.
Digo o que quero e o que não quero.
Perco o controle e me entrego louca
Homem, me deixa em paz! Só não parta jamais.

(28 de dezembro de 2008)

Antes do Adeus

A espera é uma sensação de suspensão infinita. O corpo não se dilui no espaço. É um bloco rígido, amarrado, coberto de angústias, sustentado pela expectativa.

É estranho saber não nos termos amanhã, quando o corpo se acostuma ao cheiro e ao sabor da convivência.

Faz-se urgente querer sorver intensamente cada último instante para impregná-lo nas ranhuras da pele, como se pudesse retê-lo para sempre.

É como se a sensação suave de acordar ao seu lado e contemplá-lo dormindo se desmanchasse para sempre no ar e o que resta agora são fragmentos soltos e incompletos de uma vida a dois.

(24 de setembro 2008)

Corpo em Vigília

CORPO EM VIGÍLIA
(a madrugada anterior à viagem)


Aquela noite fiquei em vigília. Os olhos inchados de tanto chorar não se atreveram a descansar um minuto. Pousados sobre o teu corpo, iluminado pelo luar, eu conferia cada detalhe, reconhecia cada poro da sua pele, cada sinal deixado pela vida, num esforço insano de não me esquecer jamais. Passei horas assim a te observar, a te devorar solitária. Não satisfeita, me fiz abraçar por você. Queria me tornar parte de sua existência, respirar no mesmo compasso. Recolhidos naquela cama de solteiro, apertados, eu tentava deixar um pouco de mim na tua pele, e sorver cada surpiro teu. Acreditava que só assim você levaria para bem longe um pedaço de nós. Meu corpo ardia. Estava quente de desespero, eu exalava um calor de bicho. O coração de mulher avisava: sabia que te perderia para sempre.

(18 de março 2009)

Momento Poético 4

UM POEMA APAIXONADO

Eu amo um homem de silêncios e
poucas palavras,
que muito me diz:
traz um poema no olhar.

Quando o sol já vai alto
Ele acorda preguiçoso,
me abraça as pernas
e me sussurra palavras e sentidos

Se só
Eu o trago em pensamentos
e lembranças, mais íntimos,
e seguimos;

À noite, sei o seu cheiro
Ele me ajusta em seus braços,
me beija demorado,
e leio em seus olhos a delícia “de sermos dois”.


(12 de maio de 2008
18h39...)

Momento Poético 3

O MAR EM MIM

Sinto como se em mim morasse o mar
Águas manhosas, que mudam de cor
De tom, de sabor.
Uma inconstância de humores!

Ora revolto, de águas bravas
que me salgam a vida
Ora doce,
como se molhasse minhas
lembranças e levasse a dor

Às vezes o mar está de ressaca e
me deixa em paz.
Consigo então me esquecer de sua existência,
permanente e contida em mim mesma.

Dizem que um dia o mar seca
para desaguar em outros
Enquanto não chega,
espero de olhos marejados, o instante.

(30 de julho 2008)

Momento Poético 2

MORTAL

Se eu pudesse parar o tempo
Em vez de me escapar como areia entre os dedos
Se eu pudesse ser invisível
Quando estranhos me observam
Se eu pudesse fugir de mim mesma
E esquecer meu nome, o seu
Se eu pudesse não pensar na sua partida
Seria mais brando
E de que adianta essa tal leveza quando é inevitável
reconhecer o peso da vida...

(30 de julho de 2008)

Momento Poético

POEMA TRISTE

Quando percebo que o desejo de amar é maior que o próprio sentimento
meu corpo se enche de tristeza e se exauri de expulsá-la.
Pelos olhos só consigo derramar a amargura e o lamento
de não me perceber mais tua.

O amor se revela caos e Dionísio:
não define por transmutar
ou se quer esvair-se;
até que não sobrem mais resquícios de dois...

dois amantes incessantes, inconstantes, apaixonados
terminados precoces e tardios,
no prenúncio do inverno frio.
Não prepararam o fogo e não arrumaram a casa.

quando viram, reinavam sozinhos,
numa terra infértil e escura
onde os troncos e galhos secos das árvores
são o repouso para os dias sombrios.

Mas um dia choveu inesperado
e levou o que de podre havia no lugar
Os corações dos amantes, agarrados à terra,
inventaram uma nova forma de amar

(22 de junho de 2008)

4.09.2009

FRIDA KAHLO NO PRÊMIO SESC/SATED 2009

O Espetáculo "Do Tempo e Da Paixão - Fragmentos descontínuos de Frida Kahlo" recebeu três indicações para o prêmio Sesc Sated/MG 2009, nas categorias melhor direção (Dayse Belico), melhor atriz (Beatriz França) e melhor espetáculo. A Premiação acontecerá no dia 28 de abril, terça-feira, às 20h, no Grande Teatro do Palácio das Artes. Vamos torcer!!!