8.31.2009

Surpresa

Como um jarro fino, porém frágil, que cai de-repente e se estilhaça em pedacinhos quase imperceptíveis a olho nu. O jarro se surpreende em cacos...

8.23.2009

O Tempo de um olhar

Eu estava distraída, como de costume. Atenta a tudo e a coisa alguma. Ele falava e eu alheia procurava por novos interesses. Passei ligeira os olhos por aquele ambiente de fumaças e música. E nada me arrebatava. Foi então que senti um calafrio prazeroso. Algo me atraía a atenção. Vinha do meu lado direito. Da direção do banheiro - já por aí um tanto inusitado. Eu me senti acariciada lentamente, sem sofrer o toque. Até então, imóvel e desatenta ao papo entediante de um amigo, fui conduzida por aquela sensação estranha e sensual, que me impelia a volver a cabeça. Quando consegui me mover descobri que era desnudada lentamente por um olhar dissecante, envolvente. Um olhar de homem. Daquele homem que não via há séculos e que poderia passar mais alguns sem vê-lo. Mas naquele dia eu o enxerguei por inteiro. Depois não o vi mais. Mas guardo na memória o instante, o tempo de um olhar.

8.19.2009

Radical Chic

Que poder é esse que sinto
Sou mulher e não me reconheço.
Agora uso os cabelos curtos
como as heroínas às avessas

Quero que me vejam
não mais como Aquela
mas como Esta
que nunca deixou de ser Aquela de sempre

Só me redescubro
me reivento
sem mudar o que
realmente importa.

Adeus ao velho costume
da rapunzel de plantão!
Adeus Àquela mulher que nunca fui
mas insistia em viver em mim.

Questões do Amor

Quantos nomes possui o nosso amor?
Quantos sabores e dissabores, este amor?
De qual poesia se alimenta?
Por onde respira?
De onde reúne forças para ser sempre o amor que nunca deixei de sentir?
Quando plantamos era tão pequenina, sem muitas promessas. Aos poucos,a flor do amor desabrochou e se espalhou sem-vergonha e, sorrateira, tomou conta de cada pedaço meu que também é seu.
E agora?
Por onde ando? Quem sou?
Perdi-me de mim mesma, já que você se foi e levou o aroma e as cores da flor do amor.
Ainda assim, ela seguiu o seu desabrochar, agora morta, morta para sempre.

8.03.2009

Em silêncio, devora-me!

Que louca fui eu
Me entregando,
Me atirando
Por todos os lados

Que louca fui eu
Que me sujei de tantos!
Que às tantas,
exausta e sozinha, dormi pra esquecer

Ao acordar
Sonho conosco
Em vão...
Você já está de partida!

E eu não me despedi
Não soube como...
Segui me entregando a tantos
para apagar o vazio do Elfo

Acalme-se, Elfo!
Não me devore o fígado
Não leve, em silêncio,
o que resta do desolado coração.