2.01.2010

Ofício

Eu me preencho de sonhos incompletos, de fragmentos do cotidiano, de falas, de olhares, de instantes, do subjetivo para a criação. O homem e sua fonte riquíssima e inesgotável de contradições. Meu ofício prescinde vocação para imaginar, para ser incoerente, para me apaixonar pela humanidade. Se for necessária a visão absoluta, cheia de compartimentos e repartições, a criação se esgota. Se não for possível multiplicar as facetas, as perspectivas, as possibilidades, não há sentido em produzir arte, não há graça em viver a vida. Que mania de achar que há regras para tudo, que não há deslocamentos, que tudo tem um devido lugar. O que é devido? Pare de se desculpar e simplesmente aprecie, observe, deixe o caos se instalar docemente. Permita que o sublime tome as proporções do grotesco. Não há controle na criação, não há controle na vida. Há condução. Persigo a imperfeição, persigo a humanidade.

2 comentários:

  1. amiga...eis o dilema de ser artista, ou simplesmente...de ser sensível???

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  2. Concordo, Pati! Eis os impasses, eis as ciladas que a vida traz!

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Boca de Cena