A mulher sentada no sofá tem os joelhos descobertos.
Quieta, silenciosa, doce...
O olhar vago, insinuante, lhe dá um ar indestrutível.
Escorre suave uma lágrima. O sal corrompe e corrói docemente todas as estruturas, todas as articulações, todas as possibilidades da vida ter um sabor diferente.
A mulher acorda e por mais que ajeite os cabelos permanece com eles impecavelmente despenteados - não por moda. Ela cobre os seios para que não pareça ser quem realmente é. E trabalha, trabalha, trabalha até o fim dos seus dias, administrando a vida sem destino certo, sem saída. Está acoada como um bicho e terrívelmente frágil diante de sua própria fortaleza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Boca de Cena